Primavera 88 - FRANZ JÄGERSTÄTTER

FRANZ JÄGERSTÄTTER nasceu no dia 20 de Maio de 1907, numa pequena localidade da Alta Áustria, St. Radegund, a poucos quilómetros da fronteira com a Baviera.FRANZ JAGERSTATTER Em 1938, a Alemanha hitleriana anexara a Áustria. No ano seguinte, as tropas nazis invadiram a Polónia. Eclodia assim a IIª Guerra Mundial.
Franz Jägerstätter era um camponês, casado e pai de três filhas, sendo que a mais velha tinha apenas 6 anos. Em 1943, contava apenas 36 anos. Foi recrutado pelo exército do IIIº Reich, mas recusou-se a alistar-se. A ideologia nazi contrariava o Evangelho e a sua consciência. Opondo-se ao regime, colocava em risco a sua vida e sua família. Mas manteve-se firme na sua posição, lembrando as palavras de são Pedro: “Há que obedecer a Deus antes de obedecer aos homens”.

O padre Josef Karobath, seu pároco, escreveu: "Deixou-me sem palavras, porque tinha argumentos melhores. Tentei demovê-lo, mas sempre me superou, citando as Escrituras". Franz tinha a sabedoria do humilde, não usava palavras difíceis, mas as palavras claras e exigentes do Evangelho.
Era sacristão na igreja da sua paróquia. Rezava, meditava, jejuava e lia os documentos da Igreja. Em 1937, Pio XI publicara a encíclica "Mit Brenneder Sorge" com a qual condenava duramente a ideologia racista e anticristã do Nazismo: "Nenhum poder coercitivo do Estado – escrevia o pontífice – poderá substituir os mais profundos e decisivos estímulos, que provêm da fé em Deus e em Jesus Cristo."
Franz foi detido, primeiro em Linz e, posteriormente, transferido para Berlim. No cárcere, falando com a mulher, recordou as palavras de Jesus: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim". Foi guilhotinado no dia 9 de agosto de 1943, em Berlim, no mesmo cárcere onde fora enforcado o teólogo protestante, Bonhoeffer. No seu testamento lemos: "Escrevo com as mãos atadas, mas prefiro isso a ter a minha vontade acorrentada."
Na sua visita ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, no dia 28 de maio de 2006, Bento XVI recordou aqueles que, na Alemanha de Hitler, se opuseram ao regime nazista e foram considerados, na época, como "o refugo da nação".
"Hoje, porém, nós reconhecemo-los com gratidão, como as testemunhas da verdade e do bem, que também no nosso povo não deixou de haver – disse o papa. Agradecemos a essas pessoas, porque não se submeteram ao poder do mal, e agora estão diante de nós, como luzes numa noite escura. Com profundo respeito e gratidão, nos inclinamos diante de todos aqueles que, como os três jovens diante da ameaça da fornalha ardente, souberam responder: "Somente o nosso Deus nos pode salvar. Mas, ainda que não nos libertasse, saiba, ó rei, que nós jamais serviremos os seus deuses e não adoraremos a imagem de ouro que erigiu"”.
Franz não se julgava melhor que os outros, nem os julgava. Simplesmente procurou ser fiel à sua consciência: Se Deus não me tivesse dado a graça e a força de morrer, se necessário, para defender a minha fé, provavelmente faria a mesma coisa que faz simplesmente a maior parte das pessoas. Na verdade, Deus pode conceder a própria graça a cada um de nós tal como Ele quer. Se outros tivessem recebido as muitas graças que eu recebi, provavelmente, teriam feito muitas coisas e melhores que eu.”
No último manuscrito de Franz, este escrevera: “Nem a prisão, nem as correntes e nem sequer a morte podem separar um homem do amor de Deus e roubar-lhe a sua livre vontade. A potência de Deus é invencível.”
Franz Jägerstätter foi beatificado em 26 de outubro de 2007, em Linz, na Áustria.
Em 2019, o famoso realizador Terrence Malick representou no filme, A Hidden Life (Uma vida oculta) a vida de Franz.

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