Primavera 75 - MATTEO FARINA
MATTEO FARINA passou toda a sua vida em Brindisi (Itália).
Nascido a 19 de setembro de 1990, faleceu 19 anos depois, a 24 de abril de 2009, com um tumor cerebral. Sua vida foi breve, mas intensa. Criança obediente, serena, sociável e curiosa por tudo à sua volta, cresceu rodeado do afeto dos pais, cúmplice de sua irmã e amigos, integrado na comunidade paroquial e apaixonado pela sua namorada. Como todos os jovens da sua idade, praticava desporto e amava a música, fundando mesmo uma banda, os “No Name”.
Excelente nos estudos, sua preferência voltava-se para a Química, projetando tornar-se, no futuro, engenheiro ambiental. Educado na fé, sempre revelou gosto pela participação na catequese e na eucaristia, e, diariamente, lia a Palavra de Deus e rezava.
Mas dois factos viriam marcar a sua vida. E a forma como os viveu fez a diferença.
O primeiro, foi um sonho que teve na noite de 2 para 3 de janeiro, do ano 2000. Viu São Pio de Pietrelcina, de quem era muito devoto. Ouviu dizer-lhe: “Se conseguiste perceber que aqueles que vivem sem pecado são felizes, deves fazer entender os outros, para que todos possamos viver juntos, felizes, no reino dos céus”. Em consequência, aos nove anos de idade, Matteo tornou-se evangelizador. De forma educada e sem presunção, dirigia-se a todos os que o rodeavam: família, amigos mais próximos, conhecidos... “Espero realizar a minha missão de ‘infiltrado’ no meio dos jovens, falando de Deus e iluminado pelo próprio Deus... observar quem está próximo de mim para entrar em seu coração como um vírus e contagiá-lo com uma doença que não tem cura: O amor”.
O outro acontecimento foi a enfermidade. Com apenas 13 anos, surgiram os primeiros sintomas de um tumor cerebral. Começaram, então, os primeiros exames e hospitalizações, nomeadamente em Hanover, na Alemanha. Nesse período, iniciou um diário, pois tinha consciência que estava para viver “uma daquelas aventuras que mudam a vida e a dos outros. Ajuda a ser mais forte e a crescer, sobretudo, na fé (…) Este é o diário de um menino de treze anos numa experiência espetacular (…). E aí está a beleza desta aventura: parece um sonho, mas é tudo verdade”. As páginas desse diário revelaram um Matteo que tudo enfrentou com coragem, sempre atento e cuidadoso daqueles que o rodeavam e, sobretudo, um diálogo contínuo com Jesus. Essa experiência permitiu-lhe um rápido amadurecimento tanto humano quanto espiritual.
Para Matteo, a doença não foi uma fatalidade: “Quiseste gritar ao mundo que farias tudo por teu salvador, que estavas pronto a sofrer pela salvação das almas, a morrer por Ele. Deste modo, podes demonstrar-lhe o teu amor”. Sua devoção mariana, expressa na reza diária do rosário, ajudaram-no a viver sereno a sua evolução. A fé foi a sua força e âncora: “A fé é rezar para nutrir-se de alimento de Deus que sacia para sempre. É empenhar-se do melhor modo possível para seguir o plano de Deus. É inclinar a cabeça e não levantá-la com orgulho. É fazer o bem no silêncio e refletir sobre o mal que cometemos”. Era, também, antídoto contra a tristeza e o desespero: “De nada adiante desanimar, devemos ser felizes e viver com alegria. Quanto mais damos alegria, mais pessoas serão felizes. Quanto mais pessoas felizes, mais felizes somos nós”.
Apesar das circunstâncias e contrariedades, este jovem cultivava profundamente o valor da vida, não querendo desperdiça-la. Regressou aos estudos, mantendo excelentes notas, destinou suas poupanças para uma missão em Moçambique, convencendo outros a fazê-lo.
Porém, em Janeiro de 2005, teve de retornar à Alemanha para a remoção do tumor. Entre tratamentos, melhorias e regressões, Matteo foi fiel, até ao fim, à missão que assumira de anunciar Deus aos outros, com palavras e, essencialmente, com o seu testemunho: “ MEU SENHOR, tenho duas mãos, faz com que uma esteja sempre unida a ti para que, em qualquer provação humana, eu nunca me esqueça de Ti e a Ti me una sempre mais; a outra, peço-Te, se é da tua vontade, deixa-ma livre... para que, como eu Te conheci através de outras pessoas, os que não creem, possam conhecer-Te através de mim. Quero ser um espelho, o mais límpido possível, e se é da tua vontade, que eu seja um reflexo da tua luz no coração de cada pessoa. Obrigado pela vida. Obrigado pela fé. Obrigado pelo amor. Sou teu”.
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