Primavera 71 - MARIA MARCHETTA
MARIA MARCHETTA é filha de camponeses italianos e a mais velha de cinco irmãos. Maria revela-se ser uma criança muito viva, exuberante e de forte carácter. Entre trabalhos do campo, escola e catequese, cresce rodeada de muitas amigas que a sua jovialidade e generosidade facilmente conquistam.
Mas a partir de Setembro de 1950, Maria ressente dores nas pernas, reforçadas por vertigens e náuseas. Tem apenas onze anos. Os médicos diagnosticam-lhe paraplegia flácida, patologia de evolução lenta que a tornará inválida e para a qual não se conhece cura.
Com doze anos, Maria encontra-se acamada a maior parte do dia, pois manter-se ereta causa-lhe fortes dores. Em 1956 não deixará mais o leito. Até ficar numa poltrona lhe causa náuseas e tonturas. Ao longo de quinze anos, a sua cama será o seu único lugar geográfico e espiritual.
Nos primeiros tempos, Maria reage naturalmente mal: revolta-se, expressando raiva, medo e desespero. Maldiz a injustiça da sua sorte e a perda da sua autonomia juvenil, recusa aceitar a sua condição de doente incurável, rebela-se contra Deus e a religião.
Porém, pouco a pouco, Annamaria, uma tia da qual muito gostava, ajudou-a a pacificar-se. Posteriormente, com esta “mãe espiritual”, conseguirá encarar a sua doença com o sorriso, acolhendo o mistério da cruz na sua vida. Como diz santo Agostinho, “não é o castigo que faz o mártir, mas a causa”. Maria deixa de encarar o sofrimento como fatalidade. Pela esperança, consegue ver nele uma oportunidade para algo mais, ao jeito de Jesus na cruz.
Em 1953, ingressa na Ordem Terceira Franciscana, onde encontra um meio de dar sentido à sua dolorosa imobilidade. Em 1954, a Ação Católica celebra o ano da generosidade, ocasião para Maria de participar com fervor e abnegação num programa de oração e de sacrifícios oferecidos, elaborado pela Juventude feminina do movimento. Maria comunga diariamente, apoiada pelo sacramento da reconciliação e pela direção espiritual, esforça-se com pureza de coração em colaborar na obra de Deus.
Aconselhada, oferece a sua vida e sofrimento em favor da unidade dos cristãos. De tal maneira se compromete nessa missão que em Lourdes, onde participa em três peregrinações, nem sequer pede a cura para si.
Não cessa de sorrir pois, como ela mesma afirma, “não me sinto capacitada para a tristeza!” Este testemunho de felicidade inalterável atrai à sua cabeceira cada vez mais visitantes que procuram junto dela consolação, força e coragem…
Mantém-se informada sobre a vida eclesial e mundial escutando Rádio Vaticano, nomeadamente o desenrolar do concílio que decorre desde 1962.
Com 27 anos e totalmente oferecida a Deus e à Igreja, Maria Marchetta falece a 7 de Abril de 1966, numa quinta-feira Santa, dia em que Jesus instituiu a eucaristia, sinal da sua própria entrega.
Em 1997, a causa de beatificação foi introduzida e, posteriormente, declara Serva de Deus.
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