Primavera 58 - SOPHIE & HANS SCHOLL e CHRISTOPH PROBST

Os irmãos HANS e SOPHIE SCHOLL, e CHRISTOPH PROBST, juntamente com outros dois estudantes, Alex Schmorell e Wili Graf, e um professor de filosofia de 50 anos, Kurt Hubert, formaram uma rede de ação contra o nazismo, queSOPHIE HANS CRISTOPH apelidaram “Rosa Branca” (Die weiße Rose). Há nove meses que esta célula de resistência não armada opera na cidade de Munique. Hans Scholl, impressionado pelas homilias de von Galen, bispo de Munster, tomou a iniciativa. Cobrem os muros da capital da Baviera de palavras de ordem e espalham pela cidade panfletos que redigiram e imprimiram com os meios possíveis. Estendem sua ação a outras cidades, para onde se deslocam de comboio com malas repletas de prospetos. “Podes tu, cristão, hesitar ainda quando a conservação dos bens mais preciosos estão em causa, satisfazeres-te de um jogo de intrigas, adiar a tua decisão na esperança que outro tome as armas para te defender? Deus não te deu a força e a coragem de combater?”

Depressa, outros jovens fizeram o mesmo em Friburgo, Ulm e até Colonia e Berlim, sem que eles soubessem. Os seis são de confissões distintas, mas identificam-se com os valores do Cristianismo. Os Scholl são evangélicos, Alex Schmorell é ortodoxo e Wili Graf, católico.
Christoph Probst, agnóstico, fez um caminho de aproximação ao catolicismo. Fruto dessa caminhada e admirador do compromisso espiritual dos irmãos Scholl, pedirá o batismo já recluso. É estudante em medicina, como os outros rapazes. Tem 23 anos, mas já é pai de dois rapazinhos.
Sophie, tal como toda a juventude germânica, foi obrigada a inscrever-se na Juventude Hitleriana. Porém, depressa o entusiasmo inicial deu lugar a uma posição crítica. Ela estava consciente da visão política dissidente do pai, dos amigos e também de alguns professores. Tinha talento para o desenho e para a pintura. Leitora ávida, desenvolveu um interesse crescente pela Filosofia e pela Teologia. Esta foi a sua alternativa ao Nacional-Socialismo (nazismo). Gostando muito de crianças, tornou-se Educadora de Infância.
Em Maio de 1942, pode inscrever-se ma Universidade de Munique como estudante de biologia e filosofia. Foi seu irmão Hans que a apresentou aos seus amigos. Não apenas as ideias políticas unia estes jovens. O gosto pela arte, música, literatura, filosofia e teologia, também o montanhismo, a prática de Esqui e a natação fomentaram uma amizade sã e firme.
Em Munique, Sophie conheceu artistas, escritores e filósofos, destacando-se Carl Muth e Theodor Haecker, que foram importantes para a sua preocupação com a fé Cristã. Foi de especial relevância a questão: como deve o indivíduo reagir quando vive sob uma ditadura?
No dia 18 de Fevereiro de 1943, quando Sophie e Hans distribuíam o sexto panfleto na Universidade de Munique, foram detidos. Horas mais tarde, era a vez de Christoph. No dia 22 de fevereiro, pela manhã, os três são condenados à morte. De nada valeu aos rapazes terem feito seu serviço militar na frente russa, ou Sophie ter realizado o serviço de trabalho obrigatório. Todos se comportaram com uma dignidade extraordinária. Não delataram mais nenhum dos membros.
É-lhes concedido escreverem uma carta de despedida às famílias. Christoph agradece à mãe o dom da vida, depois, pede um padre católico: quer receber o batismo, como termo da sua busca interior. Como seus amigos, caminhará serenamente para a morte. Mais tarde, os guardas testemunharão: “Portaram-se com uma coragem extraordinária”. Apesar de proibido, permitiram-lhes uns últimos instantes juntos. Christoph despediu-se dos amigos: “Daqui alguns minutos, reencontrar-nos-emos na eternidade.”
O testemunho dos guardas prossegue: “Depois levamos, primeiro a rapariga. Ela caminhou com uma serenidade absoluta. Não conseguíamos compreender como tal podia ser possível. O carrasco admitiu nunca ter visto alguém morrer assim.”
Morreram como viveram, fiéis a si mesmos, às suas convicções, à sua fé. Antes da sua execução, Hans gritou de uma voz tão forte que ecoou pela prisão: “Viva a liberdade!”
Alguns meses depois, o professor Huber, Alex Schmorell e Willy Graf seriam executados. “Eram crentes. Não tomaram as armas, nem mataram ninguém. A única vida que sacrificaram, foi a deles. «Somente creio – dizia Pascal – nas histórias cujas testemunhas dão suas vidas.» Frente ao Hitler, estes universitários alemãs deram ao mundo uma das lições mais credíveis do nosso tempo.”

Outros elementos, a eles associados, foram enviados para campos de concentração. O movimento Rosa Branca foi de curta duração, mas teve repercussões para além da Alemanha. Thomas Mann, escritor alemão exilado, homenageou-os na BBC, em junho de 1943. No mesmo ano, 1 milhão de exemplares do último panfleto foram lançados pela aviação inglesa sobre a Alemanha.

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