PRIMAVERA 52 - Jean-Thierry Ebogo
JEAN-THIERRY EBOGO faria hoje, 4 de fevereiro, 41 anos.
Nascido nos camarões, é filho de um casal cristão convicto e fervoroso. Desde pequeno manifesta o sonho de ser sacerdote. Para ele, significa converter-se num outro Jesus.
Para ajudar a família, prepara todos os dias 20 litros de sumo de limão gelado para vender no mercado. De caracter sociável, alegre e cheio de humor, conquista os seus companheiros. Inteligente e sempre o primeiro da turma, não se esquiva a ajudar os colegas menos dotados. Compõe poesias e é um exímio animador de festas. Empenha-se ainda na paróquia, onde se mostra muito ativo. Vive já de Deus e com Deus: “Confio-te a minha vida, meu ser para toda a eternidade. Posso encontrar algo melhor noutro lugar? Não, o Senhor é realmente o melhor, disto eu tenho a prova. O Senhor me criou, me fez. Com amor o Senhor me coroou.”
Um dia, para a sua mãe que o via rodeado de raparigas, prevendo suas dúvidas, esclarece de imediato: “Sei o que estás a pensar, mas posso dar-te a certeza absoluta que guardo intacta a minha pureza. Pedi a Jesus que me conceda o dom da castidade e não tenho dúvida nenhuma de que serei escutado… Quero ser sacerdote e quero chegar puro ao sacerdócio.”
A 28 de junho de 2003, com 21 anos, entra no Carmelo teresiano. Jean-Thierry descobre com muita alegria que é aí que Deus o quer. A vida fraterna, o estudo, o apostolado e o trabalho manual, elementos fundamentais do carisma teresiano masculino encontram nele um postulante fervoroso, inclinado para o essencial.
Um ano depois, é admitido ao noviciado e destinado a ir, com outros companheiros, a Burkina Faso. Passa a ser Jean-Thierry do Menino Jesus e da Paixão. Algumas semanas depois, porém, manifesta-se um tumor no joelho direito, impedindo-o de partir. Começam os tratamentos e sua via-sacra de hospital em hospital. A 18 de novembro, sofre uma amputação necessária da perna direita. Jean-Thierry aceita alegremente essa prova. Oferece o seu sacrifício pelo nascimento de novas vocações religiosas e sacerdotais no Carmelo e para toda a Igreja. Ele mesmo consola o superior da formação e orientador espiritual, afirmando que “ao fim de contas, o Senhor só me pede o dom de uma perna que já não serve para nada.”
Em agosto de 2005, seus superiores decidem enviá-lo para Itália. Aí realiza seu noviciado. Em simultâneo, beneficia de maior e melhor assistência médica. É-lhe aplicada uma prótese na perna. Mas as primeiras observações no hospital de Milão revelam imediatamente a gravidade da situação: a doença progride. Entra na última etapa da sua jovem vida, pois qualquer tratamento é inútil. Vive plenamente seu nome religioso: uma “infância espiritual” totalmente confiante em Deus, no discipulado do Salvador, e o doloroso caminho da Cruz, que sofreu juntamente com Cristo. O médico que o acompanha admira a serenidade com que suporta tal sofrimento, sem uma queixa.
A 8 de dezembro, obtida a necessária dispensa, Jean-Thierry tem a alegria de realizar a sua Profissão solene como carmelita, na presença da sua mãe. Seu quarto de hospital torna-se um templo durante os dias seguintes. Centenas de pessoas, sobretudo jovens, são atraídas pela serenidade e pela alegria do jovem professo.
A 5 de janeiro de 2006, Jean-Thierry, carmelita descalço, a um mês de completado 24 anos, falece. Suas últimas palavras foram: “Como Jesus é belo!” Seu funeral em Milão, alguns dias depois, congrega imensa gente. Mas é no seu país natal que seu féretro é acolhido com assinalada alegria e triunfo por uma grande multidão.
Sua causa de beatificação foi, entretanto, introduzida.
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