PRIMAVERA 2 - Rosario Livatino
Nesta data, 3 de outubro, nascia ROSARIO LIVATINO (1952-90), na Sicília.
É filho único, numa família com grande ligação à magistratura. Acaba a escola com resultados excelentes. Dele dir-se-á que é “modesto e tímido, generoso, sério, simpático com todos e extremamente honesto…” Será a característica maior da sua existência: terá sempre horror às aparências e às mundanidades.
Pelo seu estudo e reflexão descobrirá que Deus é garante da liberdade e da justiça. Isto corresponde ao seu desejo e ajuda-o a escolher o seu caminho: o seu pai é advogado, ele será juiz. Sobre isso escreve: “A justiça é necessária, mas não suficiente, ela pode e deve ser dominada pela lei da caridade, que é a lei do amor: amor para com o próximo e para com Deus, mas o próximo enquanto imagem de Deus e, portanto, seguindo um modo não redutível à simples solidariedade humana”.
Nos anos 70 e 80 a Máfia domina na Sicília. A Cosa Nostra controla a maior parte do tráfico de heroína destinada aos Estados Unidos. O Estado tenta reagir mas apenas provoca um banho de sangue. A cada intervenção policial a Máfia responde por assassinatos de personalidades. O poder central decide confiar este baril de pólvora a jovens juízes vindos de toda a Itália. Rosario, residente local, naturalmente é incumbindo dessa missão.
Contudo, Rosario não recua. Sente-se como “missionário do direito”, como ele próprio o diz: “o direito pelo direito não tem nenhum sentido, é um absurdo do sistema jurídico: exercer a justiça é a realização de si mesmo, oração, dom total de si a Deus”. Não cessa de refletir sobre a relação justiça / fé e de o aprofundar na oração. Todas as manhãs reza numa igreja junto ao tribunal e assíduo à eucaristia dominical, alimentando-se da meditação da Sagrada Escritura e de outros autores espirituais. Homem de oração e de fé, Rosario é também um apóstolo da caridade: tem sempre atenção aos pobres, aos doentes e aos defuntos esquecidos pelas suas famílias.
Deseja fundar uma família, mas hesita e, depois, renuncia: o perigo a que se expõe a sua profissão não permite grandes planos de futuro. É uma dura prova, que ele carrega na solidão. Na preocupação de uma total independência e imparcialidade, recusa entrar no jogo dos clãs mafiosos, partidos ou movimentos. Por isso, acaba por ter poucos amigos. Essa situação afeta-o interior e espiritualmente, mas ultrapassa essa fase com mais determinação.
Rosário, embora não atue no terreno, oferece-se para tratar dos casos mais sensíveis por não ter a cargo uma família. Recusa uma viatura blindada para não alarmar os seus pais e rejeita escolta pessoal para não expor a vida de outrem ao perigo. É lúcido, mas resoluto. Confia-se a Deus e a Maria.
A 21 de Setembro de 1990, quando se dirigia para o tribunal, o seu carro é abordado por outro, de onde saem 4 homens armados que disparam sobre ele.
No seu funeral, o bispo da diocese afirmará que a única culpa de Rosario, assassinado aos 37 anos, foi a de ter sido um “juiz perigosamente honesto” e um cristão convicto que atuou à luz da sua fé.
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