Primavera 4 - CHIARA 'LUCE' BADANO
No dia 7 de outubro de 1990, CHIARA ‘LUCE’ BADANO falecia com osteossarcoma (cancro ósseo), com apenas 18 anos. No seu funeral, numa pequena vila do norte de Itália, marcaram presença cerca de 2000 pessoas. Tudo isso pelo seu testemunho de fé e alegria que a muitos marcaram.
Nascida em 1971, Chiara adorava a vida, os amigos, a natureza, o desporto, cantar e dançar... Como qualquer outro jovem da sua geração. Foi precisamente a jogar ténis que sentiu uma forte dor no ombro. A notícia é um choque tremendo para uma jovem da sua idade, repleta de sonhos e futuro. De regresso a casa, pede a mãe um momento para estar a sós. Foram 25 minutos. De luta interior, de revolta??? Só sabemos que, ao sair do quarto, Chiara está serena. Seria o princípio de uma longa caminhada de dois anos. E de um novo desafio: a santidade.
Abandona-se a Deus. Será Ele seu confidente e companheiro a partir desse momento.
Entretanto, o mal progride. Exames médicos, cirurgias, quimioterapia… nada resulta. Os tratamentos são dolorosos, mas recusa a morfina, pois retira-lhe a lucidez. É na fé em Cristo, que sofreu na cruz, o Cristo sofredor – de quem tem uma imagem no quarto –, que encontra a sua força e coragem. “O importante, é fazer a vontade de Deus. Tinha projetos pessoais, mas Deus tinha os seus… enviou-me esta doença na hora certa. Não imaginais qual é a minha relação com Jesus, agora! Julgo que Ele me chama a algo mais, algo maior… Para mim, só conta a vontade de Deus: fazê-la bem, viver o momento presente, entrar no ‘jogo’ de Deus… Espera-me um outro mundo e eu só tenho de confiar.”
Passa a oferecer as suas horas de luta e dor pelos jovens, pela sua diocese, por aqueles que se afastaram da fé, pelas missões… Seu quarto vira lugar de oração e apostolado, onde aqueles que a visitam saem reconfortados por ela. É a sua “Igreja”. “Poderei ficar numa cama durante anos, não sei… Para mim, só a vontade de Deus é importante: fazê-la bem, viver o momento presente, entrar no jogo de Deus… Uma outra realidade me espera e só tenho de me abandonar. Sinto que faço parte de um projeto esplêndido que se revela pouco a pouco.” Assim viveu Chiara a sua via sacra.
Ao fazer 18 anos, recebe uma grande quantia de dinheiro que remete imediatamente a um amigo que trabalha em África, em benefício de crianças pobres e doentes. A quimioterapia fá-la perder os seus cabelos, algo tão precioso para uma jovem rapariga. A cada madeixa caída, Chiara oferece um “para Ti Jesus”.
“O seu sorriso e o seu olhar luminoso provam-nos que a morte não existe, que só há vida”, dirá o médico A. Delogu. É desse olhar luminoso que receberá o nome "Luce", dado por Chiara Lubich, fundadora dos Focolares, aos quais pertencia a jovem Chiara.
A 7 de outubro de 1990. Chiara despede-se da sua mãe: “Sê feliz, pois eu sou feliz!” último gesto de despojamento e caridade: expressa o desejo de doar as suas córneas oculares para transplante futuro.
D. Martino, bispo da sua diocese, testemunhará dela: “Sentia nela a presença do Espírito Santo que a tornava capaz de transmitir, a quantos dela se aproximavam, a sua forma de amar a Deus e a todos”.
Chiara foi beatificada em 2010.
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