Domingo de Ramos (na Paixão do Senhor) (A)
VI(D)A SACRA… PORQUE ELE ESTÁ
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparação
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. Leitura
Leio pausadamente o Evangelho Mt 21,1-11. Relaciono-o com a Paixão (Mt 26,14–27,66) que meditarei ao longo da semana. Imagino-me presente no episódio e o mesmo acontecimento nos dias de hoje, na minha cidade. O que me faz sentir?
- Sublinho o importante; fixo o essencial. Esta Palavra é-me dirigida.
2. Meditação
Este domingo inicia a Semana Santa, Semana Maior e central da nossa fé. Através dela, sou convidado a acompanhar os passos de Cristo nos seus últimos dias. Hoje, Jesus entra triunfalmente em Jerusalém. Mateus, o evangelista, cita o profeta Zacarias para identificar Cristo como rei diferente: pobre, manso e humilde. Não se impõe. Mas desafia-me a tomar posição: sigo-O ou deixo-O carregar sozinho a cruz? É o seu amor (e não a dor), na minha vida, que torna o meu quotidiano numa via “sacra”.
3. Oração com Deus
Senhor, imagino-Te a chegares à minha cidade, a percorreres as ruas, a entrares na minha vida. Sê bem-vindo! É tão necessária a tua presença entre nós, neste tempo de aflição, carente de Páscoa. Vejo-me a mim, no meio da multidão, em júbilo.
Porém, como é possível que, passado tão pouco tempo, os mesmos extasiados com a tua chegada reclamem a tua morte, de forma tão violenta, cruel e injusta!? No relato da tua paixão, todos Te falham. Os discípulos adormecem e fogem. Judas trai. Pedro nega. Os judeus acusam, caluniam e condenam. Pilatos lava as mãos. Os soldados escarnecem. Os outros condenados insultam. Só o Cireneu ajuda… talvez contrariado. Por fim, o centurião reconhece em Ti o Filho de Deus… demasiado tarde.
Aconteceria o mesmo hoje, na minha cidade? Provavelmente. Teria eu feito melhor? Reconheço que, dependente das situações, sou incoerente, inconsistente. É que a tua Palavra desafia, denuncia, desinstala, incomoda. Quero Páscoa…, mas sem cruz. Mas esta não é, fatalmente, uma desgraça. É oportunidade para a Graça.
Neste tempo de aflição, sei que partilhas a minha cruz. Quero aprender, Senhor, a carregá-la, fazer dela ponte, para além da dor e da dúvida. Seguirei conTigo, até à Páscoa… ainda que ela demore a chegar.
4. Contemplação
Senhor, percebo que me salvas não da cruz, mas na cruz; não pela dor, mas pelo teu amor. Por isso, ainda que doa, não temerei. Louvo-Te e abandono-me nas tuas mãos. ConTigo, fico em paz. Agradeço, contemplo e adoro. Inspira-me o que esperas e mereces de mim.
Apoiado em Ti, ouso comprometer-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
UM PENSAMENTO
“Mesmo que só nos reste uma rua estreita, por onde teremos de caminhar, por cima existe, todavia, o céu inteiro.” (Etty Hillesum)
PROVOCAÇÕES
- Suporto as dificuldades e contrariedades ou vivo dependente do êxito?
- Como vivo este período conturbado e as restrições que me são impostas?
- Como encaro a dor? Procuro uni-la à de Cristo?
- Preocupo-me com o sofrimento dos outros? Que faço para os aliviar?
UM PROPÓSITO
Pedir ao Espírito Santo a graça de ver na cruz um degrau e não uma barreira.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Quem é este? Que finge ser rei,
Tendo mero jumento por trono
Qual servo humilde, regressado
Para doar os frutos do seu labor:
Suor, sangue e amor sem conta.
Bendito Aquele que nos alcança
E, em nome de Deus, nos salva.
Todos sonham em provar glória.
Tu, só queres ser trigo, triturado
Amassado e repartido, feito pão.
Ajoelhado, serves, limpas e curas.
Carregas a cruz, vergando, caindo
E, conTigo, reerguemo-nos todos.
Morrer de amor, é coisa de Deus!
UMA CANÇÃO
Debora Vezzani – I.N.R.I. (Io non ritorno indietro)
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