XXIX Domingo Comum (A)

DEVOLVER AO REMETENTE

LECTIO DIVINA – Um Roteiro

0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.

1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Mt 22,15-21.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
Os fariseus armam uma cilada a Jesus com a espinhosa questão do tributo a César: declarar-se a favor ou contra Roma? Jesus, sabiamente, devolve o centro a Deus.

2. O que me diz Deus
- Que pensamentos e sentimentos despertam em mim esta passagem?
“A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. É das frases mais citadas de Jesus e, simultaneamente, destorcida do seu real sentido. Para Ele, o imperador e Deus não são dois poderes opostos, entre os quais se repartem bens. Se tenho deveres cívicos a cumprir, antes disso, sou filho de Deus. A César algo do que tenho; a Deus tudo o que sou. Jesus não politiza a imagem de Deus e recusa sacralizar o poder político. Ele remete para a verdade existencial: De quem sou imagem? Qual a verdade inscrita em mim? Sou pertença de Deus. E isso preside aos meus compromissos humanos e sociais.

3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
A quem pertenço Senhor? Tenho o meu clube, minha tendência política, minha sensibilidade religiosa, minha nacionalidade, meu grupo de amigos, minha profissão, minha família… Tudo isso marca a minha identidade, mas não me define de forma absoluta. Baliza meu comportamento e orienta minhas opções, molda minhas alegrias e tristezas, mas não revela a minha verdade mais profunda. De onde venho? Para onde vou? Porque estou eu aqui e agora? A ciência deixa questões essenciais sem resposta. Esta fome de amor e ânsia de liberdade, maiores do que eu, não se reduzem a uma cor, partido ou apelido. Em Ti, Senhor, sou bem mais.
De mim, não esperas tributos. Não se trata de pagar, mas de dar. Devolver, frutificado, o amor anteriormente recebido. Retribuir, humanizando cada gesto. Tornar “sagrada” cada entrega, aos outros e, sobretudo, a Ti. Eu sou teu.

4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, em Ti encontro e reforço a minha dignidade, consciência e coração. Estás inscrito no meu ser. Pelo que és e me fazes ser, louvo-Te, agradeço e contemplo.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.

PROVOCAÇÕES
- O que devo à sociedade e a Deus? A quem restituo mais?
- As minhas opções políticas e civis harmonizam-se com a minha fé?
- Como cristão, qual tem sido o meu contributo na sociedade?
- Tenho em conta Deus e seu projeto na hora de tomar decisões?

UM PENSAMENTO
“Aquele que não se ocupa de política é imoral; mas aquele que se ocupa unicamente de política e tudo vê politicamente é néscio”. (Ortega y Gasset)

UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de fazer da minha vida uma resposta a Deus.

UMA ORAÇÃO-POEMA

De quem é esta imagem
estampada em mim?
Esta insaciável sede de ser,
de amar até doer-me
e doar-me, por inteiro
livre e consciente…
Que inscrição se firmou em mim?
Esta verdade entalhada
que me estremece nas veias,
este desejo lavrado
que me cintila no olhar
e este apelo vincado
que ecoa e me expande o coração…

Este rebento enraizado que sou eu
querendo transparecer-Te,
só pode ser Teu.

UMA CANÇÃO
Here Be Lions – Belong to You