XXIV Domingo Comum (A)
PER-DOAR ILIMITADO
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Mt 18,21-35.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
Na sequência do domingo passado, Jesus desenvolve o tema da reconciliação, exigindo um perdão sem limites. A parábola reforça a ideia: de Deus recebemos e aprendemos o perdão.
2. O que me diz Deus
- Que pensamentos e sentimentos despertam em mim esta passagem?
Pedro mostra-se generoso e propõe-se perdoar até sete vezes, equivalente à perfeição divina. Mas Jesus, provocativo, “multiplica” e amplia esse “máximo”: perdoar sempre e com todos. Qual tem sido a minha prática diante das ofensas e falhas alheias? Contabilizo o perdão? Que sentimentos experimento nessas ocasiões? Para me ajudar, Jesus conta uma parábola. Nela percebo a força e inspiração que necessito para perdoar: o perdão incomensurável que recebo de Deus. Perdoado, saberei perdoar.
3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, tantas vezes, o perdão apresenta-se-me difícil. Apetece-me, como Pedro, contabilizar, condicionar, limitar. Temo ser demasiado bom, não “educando” o faltoso. Mas Tu, não concordas com a minha “justiça”. Não queres o amor atrofiado nem poupado. Para Ti, o perdão não se negocia numa lógica de méritos. O perdão é o exercício do amor sem medida. E Tu és o modelo desse poder inesgotável.
Não devo perguntar quantas vezes “tenho de” perdoar, mas quantas vezes me dou a “possibilidade” de Te imitar. Ao jeito da tradição japonesa do Kintsugi, devo aprender a reparar o quebrado com amor e paciência. A falha não é mais um defeito, mas a oportunidade para crescer no amor. Se o erro precisa ser corrigido, aquele que erra tem de ser salvo.
De Ti recebo tanta misericórdia. Ensina-me a amar além das falhas, minhas e alheias, incondicionalmente. Como Tu o fazes comigo.
4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, tua misericórdia, que liberta de mágoas e ressentimento, permite-me amar e perdoar. Por isso, a Ti louvo e agradeço. Contemplo e adoro.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES
- Perdoar, é-me fácil ou difícil? Porquê?
- Peço o perdão de Deus só para meu alívio ou para aprender d’Ele?
- Falta-me perdoar a alguém? O que me diz Deus sobre isso?
- Posso dizer-me cristão vivendo no ressentimento?
UM PENSAMENTO
“O perdão é uma das coisas que nos torna mais semelhantes a Deus.” (Jean Vieujean)
UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de aprender o valor do perdão.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Quantas vezes terei de perdoar?
Como quem conta tostões,
não vá eu dar mais que o devido,
temo descapitalizar o afeto.
Mas em assuntos de relação,
esqueço que não sou credor
antes devedor, de Ti… de tantos.
Quantas vezes fui perdoado!?
É desta lição que prestarei contas.
Em Ti, que não sabes contabilizar,
dilata-se-me o ser, renovado,
da atrofia da mágoa liberto,
perdoado renasço, perguntando
quantas vezes amarei, perdoando?
UMA CANÇÃO
Matthew West – Forgiveness
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