XXXI Domingo do Tempo Comum (C)
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
Um encontro que transforma
“Desce depressa que hoje devo ficar em tua casa.” (cf Lc 19, 1-10)
1. Preparação
Procuro um lugar tranquilo e agradável que me ajude à concentração.
Encontro uma boa posição corporal.
Silencio o meu interior. Respiro lentamente e suavemente.
Tomo consciência da presença de Deus.
- Invoco o Espírito Santo para que seja luz e guia na minha meditação, contemplação e adoração.
2. Leitura
Releio pausadamente a passagem evangélica (Lc 19, 1-10).
- Procuro entender o texto, percebendo o que ele transmite, através da cena, personagens e diálogos, como se fizesse parte da parábola.
- Procuro entender a mensagem e significado, hoje para mim. O que me diz, o que me faz sentir?
- Sublinho o importante; fixo o essencial. Esta Palavra é-me dirigida.
3. Meditação e Oração com Deus
No seu Evangelho, Lucas relata a longa caminhada de Jesus para Jerusalém. Mais que um itinerário geográfico é um processo de conversão espiritual que ele nos convida a assumir no seguimento de Cristo. Jericó, a povoação citada na passagem, é a última etapa antes da intensa subida exterior (1100m de desnível) e interior, até à cidade santa. É aí que ocorre o episódio deste domingo.
Nele, um homem, Zaqueu, quer ver quem é Jesus. Mas é o Mestre que acaba por vê-lo. Entretanto, a multidão julga com “maus olhos” esta “demasiada intimidade” entre ambos. A forma como olhamos e os frutos que colhemos dessa visão ajudam a aprofundar o alcance da mensagem de hoje.
- O que Zaqueu quer ver em Jesus? Porquê e para quê? Por curiosidade e/ou necessidade!? Provavelmente ambas.
- Como olha Jesus para Ele? A posição de ambos, nesse cruzamento de olhares, não se assemelha aos lava-pés em que Jesus, de joelhos, olha de baixo para cima os seus discípulos? O que significa isso?
- E que dizer do olhar da multidão sobre Zaqueu e sobre Jesus ao decidir hospedar-se em sua casa? Também tenho esse olhar em certas ocasiões?
Senhor, com que olhos vejo a minha vida, os acontecimentos, os outros?… Os que me são próximos, que fazem parte do meu quotidiano?… Os outros que só conheço pelos meios de comunicação social, nas redes sociais, de quem me apresso a tecer juízos?… Os diferentes de mim, que pertencem a outro grupo ou raça, que pensam ou agem de forma distinta de mim?… Como olho, Senhor, para eles, com que sentimentos? Como é que os olhas Tu?
E a Ti? Como Zaqueu, também Te quero ver? Quero mesmo descobrir quem Tu és? Ou contento-me com a imagem que tenho de Ti, talvez ainda do tempo da catequese? Conheço-Te mesmo? Tenho-Te procurado só porque necessito? Procuro as tuas graças ou a tua presença?
E como olhas Tu para mim, Senhor? Se me olhas como dirigiste o olhar para Zaqueu, então sei que não me julgas. Tu conheces tudo em mim, as minhas falhas, limitações, fracassos e pecados. Mas não me condenas. Se vens procurar e salvar o perdido – como fizeste com Zaqueu – então sei que acreditas no melhor de mim, apesar de também eu ser “pequeno” diante de Ti.
Tenho de aprender de Ti a saber olhar.
Converso contigo como um amigo: falo, escuto, peço, louvo, pergunto, silencio.
4. Contemplação
Abandono-me nas tuas mãos, Deus.
Peço-Te que me reveles a tua vontade, o que esperas de mim, qual a resposta que mereces de mim.
Saboreio o teu olhar sobre mim. Peço a graça de também ter um olhar de misericórdia sobre a minha vida e sobre os outros.
Confio e agradeço, com palavras minhas.
Contemplo e adoro.
Confiando em Ti, ouso comprometer-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros à minha volta.
EXTRAS:
UM PENSAMENTO
“Deus nos inventa cada dia com a nossa colaboração”. (E. Mounier)
PROVOCAÇÕES
- Dou muita (demasiada) importância ao olhar dos outros sobre mim?
- (In)conscientemente, comparo-me aos outros caindo na tentação de querer ser mais e melhor?
- Procuro “conhecer” Deus com o mesmo empenho que coloco noutros fins mais pessoais?
- Deixo-me encontrar e tocar por Ele? Permito que a sua Palavra vá transformando a minha vida?
UM PROPÓSITO
Pedir ao Espírito Santo a graça de me deixar encontrar por Deus e renascer n’Ele.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Queria eu ver quem Tu és, Senhor
Foi curiosidade ou só necessidade?
Não me lembro eu… nem Tu, aliás.
Mas a multidão apequenou-me
E encolheu-me o ser no coração
De mal-amado a bem-desprezado
Quanto Zaqueu bem mal-olhado!?
Por Te querer ver, corri adiante
(Não serão outros a ditar meu viver)
E subi, de tão pequeno a mais alto
Por julgar que assim seria bem-amado.
Mas, acima dos outros, achei-me só.
Então chegaste Tu, com o teu olhar
Sem julgar nem acusar, salvaste-me.
Quisera eu ver mas foste Tu a ver-me
De baixo acima, como quem ajoelha
E pediste-me, como quem mendiga:
“Eu, hoje, devo ficar em tua casa”
Do meu alto desci, bem depressa,
Porque só em Ti me reencontrei
Salvo e livre, posso dar… dando-me.
UMA CANÇÃO
Hillsong Worship – Broken Vessels (Amazing Grace)
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