III Domingo da Quaresma (A)
QUANDO SE JUNTA A SEDE À VONTADE DE BEBER
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Jo 4,5-42.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
Ao atravessar a Samaria, junto de um poço, Jesus encontra-se com uma mulher que vem buscar água. Entre ambos, o diálogo revela uma nova água para outra sede.
2. O que me diz Deus
- Que pensamentos e sentimentos despertam em mim esta passagem?
O encontro entre Jesus e a Samaritana resulta num diálogo surpreendente: não era suposto um homem dirigir a palavra a uma mulher desconhecida; samaritanos e judeus não se davam; finalmente, é invulgar buscar água pela força do calor. Jesus derruba barreiras. O poço, lugar de encontros na Bíblia, torna-se local de descoberta e adoração a Deus em “espírito e verdade”. A mulher, percebendo em Jesus alguém diferente, acaba evangelizadora, convencendo seus conterrâneos a experimentar da mesma “água viva”. Esta deveria ser a história de cada cristão… a minha história.
3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, experimentaste o cansaço físico, por isso, compreendes a minha sede. Conheces o meu coração. Sabes que anseia por algo maior do que ele mesmo. Nem sempre vivo na consciência e busca do que dá sentido à existência. A que fontes recorro? Que sedes imediatas procuro saciar? São tantas… Na verdade, apenas uma. Diluída em demasiadas outras...
Também tens sede, Senhor. Sede de mim. Como pedinte, esperas a minha atenção. No final, és Tu quem te ofereces a mim, como água viva. Ah! Se, ao menos, desejasse continuamente esse dom de Deus… Estaria sempre a procurar-Te… a pedir-Te.
Só Tu me conheces e, como à Samaritana, não me julgas. Mas desafias a deixar jorrar em mim a nascente da tua Palavra de vida. De tal maneira, que eu possa tornar-me cântaro da tua água junto dos outros. Por isso, Senhor, dá-me dessa água… enquanto Te sacias de mim, estando aqui, junto do teu poço.
4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, és o poço em cada etapa, onde repouso e me sacio. Agradeço este momento em que me refrescas a alma, reanimando a esperança. Louvo-Te e contemplo-Te. ConTigo, avanço, confiante.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES
- Quais são as minhas sedes e respetiva(s) fonte(s)?
- Procuro Deus como dom ou contento-me com satisfações imediatas?
- Adoro Deus em espírito e verdade ou dependo de lugares, fórmulas e ritos?
UM PENSAMENTO
“Tenho uma sede imensa, / mas não é de água…”. (Sebastião da Gama)
UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de buscar em Deus a fonte do meu quotidiano.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Ia ela de cântaro, sem cantar
em pleno meio-dia da vida
com muita sede por saciar
e em desamores perdida.
Tu, sem cântaro, à espera
tal poço sequioso por visita
pedinte, querendo oferecer,
torrentes de palavra fresca.
No fim, seu cântaro, vazio ficou
nem Tu bebeste a água pedida.
Aos dois, bastou esse encontro
uma nascente para outra sede.
E eu, cântaro de asa quebrada,
por tanto ir a insalubres fontes,
peço a sede da água que Tu és
e a outros levar o dom de Deus.
UMA CANÇÃO
Tu és a água viva
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